O MEC divulgou nesta semana as notas dos programas de pós-graduação brasileiros avaliados a cada três anos pela Capes.
Os números vão de um a sete. Apenas 12% deles estão no topo e têm nível internacional (leia sobre isso aqui).
Para chegar às notas, a Capes se debruça em cima dos mais de três mil programas de mestrado e de doutorado do país em busca de dados que revelem excelência dos programas.
Por exemplo, a qualificação dos docentes, a quantidade de teses defendidas e de artigos publicados.
Essa metodologia foi criada há mais de três décadas pela própria academia e, justamente por isso, costuma receber respaldo dos cientistas.
Mas há quem se manifeste contra a avaliação da Capes.
Corre pelos corredores acadêmicos que a avaliação da Capes faz com que alunos e professores entrem em uma neurose por mais publicações de artigos científicos — e aí coisas ruins acontecem.
Diz-se que os docentes acabam se preocupando mais em publicar e menos em preparar suas aulas, por exemplo. E que a qualidade dos trabalhos acadêmicos publicados é questionável.
Diz-se ainda que teses que não são lá tão bacanas acabam sendo aprovadas nos departamentos para que o grupo não perca pontos na avaliação da Capes.
Tudo isso tem seu fundo de verdade, em menores e maiores proporções, claro. Ainda mais porque boas notas na avaliação da Capes significam mais dinheiro para os programas de pós-graduação, mais bolsas, mais recursos para pesquisa. É a cenourinha que faz a mula andar.
Mas como, então, seria possível avaliar os programas de prós-graduação senão principalmente pela produção científica?
Há quem defenda que a pós-graduação nem deveria ser avaliada porque o conhecimento é o bem final da ciência.
Tudo bem.
O problema é que quase metade das nossas 192 universidades são públicas e sobrevivem com dinheiro de quem paga imposto. As universidades não devem mesmo prestar contas?